sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Fogo e tempo (ou Caio e paraíso)


Quanta semelhança. Hoje posso jurar ser a reencarnação do Caio. Sozinha ontem, em meu quarto, esperando aquele escuro inconsciente me tomar por inteira, ouvi suavemente o compasso do relógio no criado-mudo. Ele sussurrava coisas que me fizeram mudar, que acendeu completamente o escuro dos pensamentos incessantes, que aqueceu meus medos, que soprou minhas dúvidas.

Meu relógio me falava de tempo. O conjunto da obra, dos sons, das batidas, aquela canção que eu sempre me impedia de ouvir naquele momento penetrava no profundo dos meus medos. Suponho que ele me pedia desesperadamente uma decisão. Pedia-me pra não deixar o inventado me dominar.

O dragão do Caio se instalou no meu relógio.

O dragão do Caio já conhece o paraíso.

O dragão do Caio, vai me levar pro paraíso.

Estou hospedando um réptil que costuma cuspir fogo quando não faço o certo, ele está morando no meu relógio. Agora sou obrigada a fugir das minhas cargas sentimentais, só posso amar o tempo. O tempo de cada coisa. Mas há tantas coisas vencidas.

Ele coloca fogo em tudo o que está velho, em tudo que não presta mais, em tudo que já deveria ter se ido, não fosse essa detestável mania de razão. Meus dias errôneos se findaram ontem.

Eu hoje tenho um dragão cuspindo fogo no meu coração. Transformando tudo o que é sujo numa canção com um compasso do tempo, me carregando no lombo a caminho do paraíso dos pensamentos.

Caio, dragão, fogo e paraíso. Tempo, amor e razão!




Ps.: Foto do meu novo e talentosíssimo sócio. Um beijo enorme, EVE!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Uma gota

Se hoje você me pedisse um conselho, eu diria: Nunca subestime seu passado. Às vezes ele parece distante, mas sempre ressurge do limo do poço, tão velho e mofo. Algumas palavras vêm na minha cabeça nesse momento, como se me bloqueassem o raciocínio. O que eu chamaria de flash-back.
Essa conversa a toa de passado misturado aos dramas recentes e complementados pelo medo, pelo determinismo como diria Hippolyte, me leva a pedir que esqueças de todos os outros textos. Sim, como se esse fosse o primeiro.
Apesar de muita gente por aí andar me chamando de problema, eu rebato com o conceito e me defendo lhes dizendo que o problema está nos olhos de quem vê. As coisas podem ser fáceis, basta desejos profundos e sinceros, então a simplicidade acontece com o girar do mundo.
Veja bem: Eu lhe amo! Calma, calma! Não falo nada que se assemelhe com sucos de laranjas, eu falo sobre fatos/passado. Sobre aquela noite talvez, em que você recorda de uma roupa amarela, a cor que hoje se tornou aquele meu velho desejo de sentir a fragrância da vida segurando em tua mão.
Agora falando em algo recente, sobre aqueles embalos do final de semana, vou admitir que foi a gota d’água, eu me perdi, e vais ter que colocar-me de novo na estrada. Pode ser na mesma tua, pra gente fazer de um pesadelo, um conto de fadas.

Obs.: Ignore as rimas, por favor!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

TU

Meu coração tem andado tão vazio que cheguei pender pro lado direito. Peguei o telefone na mão, esperando que ele tocasse: não tocou o desgraçado! Aí pensei comigo, será mesmo que existe alguém que me ame? E o telefone me disse: Tu, tu, tu! Não deixa de ser verdade!
Amor-próprio. É o que há!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Que tal um amor de laranja?


É como se em um lapso de loucura o maior mistério do mundo seja desvendando. O segredo é simples: basta não dar tantas voltas. Só eu sei o quanto eu pensei e chorei, me desesperei na busca de uma resposta pra que algo na minha idéia de perfeição fosse incrivelmente complexo: excruciante.
Essa coisa que chamamos indevidamente de ‘amor eterno’, ou outra dessas palavrinhas superlativas que o adjetive é tão ridículo que chega me dá náuseas. Já no princípio havia dito que estou num lapso de loucura, portanto, estou lucidamente exaltada.
Vamos ao que interessa:
Esse negócio de amor é uma ilusão. Os céticos irão discordar, obviamente, mas alguém aí vai concordar com a veracidade desses blefes.
E lá vou eu blaterar mais uma vez esse ‘sentimento’. O amor é uma escolha! Você não leu errado, penso que: amar é doar-se alguém sem esperar qualquer retorno. O amor não é um fato, o amor é uma decisão de se entregar a alguém.
Podem parecer ridiculamente frias as minhas palavras, mas são convincentes. Esse desastre que chamamos de amor e acreditamos fielmente como se fosse uma religião, por exemplo, é como escolher o sabor do suco do meio-dia. Você olha e diz: Maçã? Não, muito sem graça. Maracujá? Deus me livre, não quero ficar calma. Mamão? Ih, não vai dar! Quem sabe de laranja então? Hum, vitaminada. Escolhido! E então lá vai você espremer laranjas e, se achar muito amargo acrescenta umas colheres de açúcar.
No amor é assim, chega alguém legal, bonito (nem sempre), interessante e você pensa: Pode ser! E a informação vai entrando em ti, processando em ti, fixando-se em ti, e finalmente fica pronto o que chamamos de amor. Ah, e se você escolher direitinho nem precisa acrescentar açúcar!



Ps.: Iza, esse é pra ti!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Em alguma fresta do céu


Tem que existir. Eu sei em algum canto, em algum poço semelhante ao meu deve existir alguém tão eu, como eu. Eu não sei seu nome, a tua cor, o teu telefone, mas eu sei que você existe e procura por mim. Você não tem voz, não tem vez, mas mesmo assim tu sonha comigo todas as noites e me procura nos jornais, na internet, nas rádios, em todas as freqüências. Você conta sobre mim aos seus amigos, você sorri sincero quando ao fechar os olhos sente o meu perfume.
Você deve haver. Você deve ter um cavalo tão branco quanto a tua alma, mãos ternas, um abraço protetor. Você fala de Dom Casmurro, recita Camões, você canta Beatles, você cheira campo. Você me trás uma brisa, uma nostalgia, um blue.
Nesse momento você se pergunta em que lugar desse mundão de Deus eu posso estar, qual a cor dos meus olhos, você não pensa em embalagem, você pensa em alma, em vontade.
E a chuva começa a cair, o frio começa a bater, minhas mãos estão frias, tuas mãos procuram por mim, tua boca pede a minha e eu me comovo de pensar em ti, tão longe, tão só. Meu amor, eu não sei como te chamo, eu só sei que eu te clamo, que eu danço, que eu choro nessa espera. Você há! Eu sei que em alguma fresta do céu você vive. Você vive pra mim. Você chama por mim, tão sem nome, sem telefone, sem voz. Você chora, você grita, você diz: “Não demora, tudo é vago, mas tudo o que eu lhe trago é o perfume do jasmim. Minha flor, meu amor, meus olhos dizem coisas minha boca não traduz, meu coração se cala diante do anseio de te olhar, te abraçar, ser só teu e cantar: all my loving to you.”