quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

À meia-noite


Hoje à meia noite voltamos a nascer - já diria Caio Fernando. Que 2010 seja doce, suave e cítrico. Que possamos dobrar nossos joelhos diante da criação do Pai e pensarmos leve: “Que assim seja, meu Deus”. Que sejamos puros, que sejamos verdadeiros, de carne, ossos e sonhos. Que compreendamos que a vida é mesmo essa espécie de vai-vem, e que os dias são apenas hiatos entre o nascer e o morrer.
Quando o sino anunciar a meia-noite peça pelo mundo, não seja egoísta. Peça pelas flores, peça pelos rios e acredite nas crianças, pois os anjos desse ano estão prontos para entrarem em ação. Se for preciso chore, se arrependa, grite, mas não esqueça que além de um fim, hoje, é um começo. É tempo de recomeçar, de corrigir, de realizar.
Todos já podemos sentir essa energia que se ergue no horizonte proclamando que é possível, que pode ser verdade, que você irá se erguer da sua oração e tudo será novo, de novo. 2010 vêm como borboleta, de flor em flor, nos corações de quem acredita. O trem está a caminho, e todos sabemos que a nossa vida é muito pra ser restrita ao trilho. Faça sua história, faça 2010. Agora você pode. Agora você pode fazer o que quiser.
“Brindemos à Vida – talvez seja esse o nome daquele cara, e não o que você imaginou.”

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Um céu ex-azul


Dias cinzentos, talvez eu não devesse mesmo falar tudo o que falei ou lembrar-se de tudo o que eu lembro. Na verdade, todas essas frases jogadas foram se tangenciando, cada uma tocando na outra, uma cama de gato vai se formando lentamente. Ela me lembra essa formação de temporal que presencio daqui, sentada, lamentando.
Eu fui tomada por essa vontade que se contorce de correr na chuva. Eu deveria mesmo parar de voar. Essas asas sempre foram inúteis, me confundem. Lançam-me ao céu na esperança de me libertar. De quê?
A nossa música nas ondas do rádio ia se chegando de vagar e tocava meus cabelos. O vento gélido anunciando ciclone era outra melodia e te expulsava dessa lembrança. Começo a emergir.
Essas feridas loucas ardem, não sei se mais em dias de chuva, ou se doem mais quando o pôr do sol se forma entre as poucas nuvens no céu. É, era o nosso por do sol e agora, meu.
E pouco a pouco a chuva começa a acalmar. E o teu céu, azul, ressurge, entre as frestas das nuvens estou eu, acanhada, tentando brilhar. Tentando, tentando, sem parar.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Barreira


Seria fácil se existem apenas aquelas lágrimas com gosto amargo. Parece incrível eu estar aqui ainda enquanto me doeram tantas verdades. Acreditar em Deus, enquanto o sol começa a nascer e a vida insiste em pulsar. Enxergar que a vida não passa de um punhado de sal que se joga pra espantar um temporal. Tomo um gole de água. O coração parece inflamar, dores e mais dores incendeiam minha saudade. Mas, é uma saudade de sentimentos antigos como fé e esperança.
Veja só, eu só queria alcançar a vida mais rápido, enquanto ela corre pelos seus caminhos ensolarados. Eu só queria ser feliz, cara. Longe daqui. Eu queria desenhar as coisas boas da vida. Mas agora só me resta esse nó e essa sede que parece insaciável. Estou mais cansada e tudo está mais distante. Não há mais portos e o mundo já não é o meu.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pa-pa-pas-sei


Fico exausta. Às vezes chego a me enrolar sobre mim mesma, como um solenóide. Ai, me ajuda você, esquece a solenóide. Tenho tido constantes espasmos cerebrais e por isso já não sei diferenciar força eletromotriz de tensão. Isso, achei! Tensão. Três semanas de convívio direto, essa danada já deixou até a escova de dente no meu banheiro. Até domingo querida, depois, Deus dará: você seguindo o fluxo. E se eu não passar, deixa estar, nem você, nem ninguém, vai conseguir me segurar.
Pa-pa-pas-SEI!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Retorno ao Lírico


Olha meu amor, hoje eu descobri que a minha vida é uma obra já escrita. Uma obra publicada e projetada em Hollywood pelas estrelas mais consagradas do cinema. Nessa obra – engraçado – eu sou todas as personagens.
Sabe, já tive dessas de idealizar o amor. Eu lhes contaria se conseguisse alinhar os fatos. Mas eu não consigo. Talvez porque não houve tempos certos nem planos exatos. Tudo não passou de um flash ou de uma projeção vagabunda em um cinema vazio. O que sei é apenas que você existiu, e você, e você, e você também. Histórias pra duas vidas inteiras.
Parece cômico, mas nem você, nem você, nem você valeu apena. Eu que lhes procurei, forcei, moldei e embalei pra presente. Presente pra mim. Até que um dia vocês mudaram de embalagem e eu era apenas mais uma criança esquecida pelo Papai Noel. Ah, eu tinha um impulso, uma eletricidade sem fim, uma carga inesgotável. Não desistia do amor.
Lá fui eu, como quem levava uma sacolinha de compras na mão, a busca de alguém perfeito. Pronto, foi aí que te achei. Achei - isso mesmo, eu procurei. Como diria Caio: Quem procura sabe encontrar. Mas o precipício, logo ali na frente, depois da curva, já estava com cede de mim. Poft, caí!
Dessa vez, adeus, amor.
Minha mãe costumava falar pra que quando eu me perdesse era pra eu ficar paradinha no mesmo lugar, então, ela me acharia. Ironia! Ali estava eu, estática, quando ele pegou na minha mão.
O amor é assim, ele têm dessas. Possa acreditar, lá no fim da rua dos paralelepípedos, entre os maiores desastres, é que ele está. Ah o amor, e esses outros desastres.