quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Retorno ao Lírico


Olha meu amor, hoje eu descobri que a minha vida é uma obra já escrita. Uma obra publicada e projetada em Hollywood pelas estrelas mais consagradas do cinema. Nessa obra – engraçado – eu sou todas as personagens.
Sabe, já tive dessas de idealizar o amor. Eu lhes contaria se conseguisse alinhar os fatos. Mas eu não consigo. Talvez porque não houve tempos certos nem planos exatos. Tudo não passou de um flash ou de uma projeção vagabunda em um cinema vazio. O que sei é apenas que você existiu, e você, e você, e você também. Histórias pra duas vidas inteiras.
Parece cômico, mas nem você, nem você, nem você valeu apena. Eu que lhes procurei, forcei, moldei e embalei pra presente. Presente pra mim. Até que um dia vocês mudaram de embalagem e eu era apenas mais uma criança esquecida pelo Papai Noel. Ah, eu tinha um impulso, uma eletricidade sem fim, uma carga inesgotável. Não desistia do amor.
Lá fui eu, como quem levava uma sacolinha de compras na mão, a busca de alguém perfeito. Pronto, foi aí que te achei. Achei - isso mesmo, eu procurei. Como diria Caio: Quem procura sabe encontrar. Mas o precipício, logo ali na frente, depois da curva, já estava com cede de mim. Poft, caí!
Dessa vez, adeus, amor.
Minha mãe costumava falar pra que quando eu me perdesse era pra eu ficar paradinha no mesmo lugar, então, ela me acharia. Ironia! Ali estava eu, estática, quando ele pegou na minha mão.
O amor é assim, ele têm dessas. Possa acreditar, lá no fim da rua dos paralelepípedos, entre os maiores desastres, é que ele está. Ah o amor, e esses outros desastres.

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