quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Degelo, liquidez e incompreensão


O mundo está ao contrário e ninguém reparou, já dizia Nando, um dos célebres músicos brasileiros.

Parada em frente à tela em branco me deparo com a resposta, aposta, a posto. As relações humanas em degelo, coisas que o superaquecimento das águas oceânicas não explica.

Liquidez, força e motricidade são três palavras que se repelem no momento em que nos fazendo concluir, com certa obviedade, que os amores escorrem entre os dedos, que as apostas foram perdidas e que o erro, considerado humano, torna-se algo mais mercadológico do que simples ato de fazer compra no supermercado.

Amor líquido, já dizia Zigmunt Bauman. Amor em degelo, àquele que após derreter-se com o calor do mercado diversificado, torna-se água gelada, im-bebível pela amargura acumulada. Veja só aonde chegamos. Tornamos-nos produtos de um supermercado falido, de uma gôndola de produtos usados e em decomposição.

Autodestruição ou não, os relacionamentos já não nos dizem mais sobre liberdade confiada no próximo, mas nos induzem a ver compromissos afetivos como perda de tempo ou melhor: como ganho de experiência.

Experiência em quê?

Em começar e iniciar o ciclo infinitas vezes a procura da satisfação em um mundo insatisfeito.
Fordismo ou liquidez. Certo ou errado. Branco ou preto. Tudo ou nada. Não se sabe o que é pontual, não se sabe o que é certeza. A única coisa que podemos concluir é que estamos vivos no sentido obsoleto da palavra.

A vida é um punhado de sal que se joga pela janela no intuito de espantar o temporal. É a magia em insistirmos ter certeza sem a menor noção e não compreendermos nada do que nos cerca.
A magia de estar vivo é deitar no travesseiro e esquecer daquilo que nos diferencia dos animais: a racionalidade.

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