Há dois anos, no mesmo jornal, li que a senhora teria ganhado as eleições após o segundo turno. Não votei na senhora. Aliás, não votei em ninguém. Devo dizer que a senhora me parecia muitíssima mais, digamos, preparada, que todos os outros seus antecessores. Era grande a minha esperança, senhora governadora.
Hoje, eu ando pelas escolas, e vejo as caras sofridas das pessoas as quais me ensinaram tudo o que sei, posso dizer a senhora com segurança: elas estão cansadas, senhora governadora. E era na senhora que elas confiavam, acima de tudo, para que desse um jeito nesse grande cansaço que já vem de anos.
Nos últimos tempos esse cansaço aumentou, com o seu desleixo quando se trata de educação. A senhora ganha muito bem, senhora governadora, e tudo isso devido ao teu alto grau de conhecimento e capacidade, os quais aprendeu com suas professoras. E a maioria delas morre de fome.
O que quero pedir, quando penso na senhora não tem nada de extraordinário. Eu como filha de professora lhe peço comida, senhora governadora. E as educadoras só querem saúde e um mínimo de segurança para andarem nas ruas sem o risco de serem atingidas por uma cacetada dos seus seguranças. Querem um mínimo de honestidade, e esperam que a senhora reforce a auto-estima delas apenas tendo satisfeitas as necessidades humanas básicas.
Estou tão cansada de mentiras, promessas, aparências, fraudes, ilusões. Eu queria gostar da senhora, senhora governadora, queria tanto confiar na senhora. Os gaúchos entregaram os seus destinos nas suas mãos, com boa fé e boa vontade, para depois de dois anos, verem o resultado de que a educação realmente é tudo, mas veja bem: está sendo tão pouco investido nela, que até a senhora, que é governadora, está mal-educada.
É por tudo isso e muito mais que, daqui de muito longe, no interior do estado, tenho a ousadia de concluir pedindo: pense bem, senhora governadora, no que vai fazer daqui pra frente. Pode ser bom, se houver um pedido de desculpas, pode ser nobre e grandioso. Tenho sido tão paciente, mas tudo depende da senhora. Seja justa, honesta, e bem mais educada, depois disso tu serás “Vossa Excelência”. Boa sorte.
17/07/2009
Baseado no texto de Caio Fernando Abreu, “Caro senhor presidente eleito Fernando Henrique Cardoso"
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