quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Cá entre nós


Apaguei a luz, fechei a janela, liguei uma música alta e o abajur sobre um papel. Como se não bastasse a falta de inspiração sou interrompida pelo telefone. Notícia ruim? Bom se fosse.

Sinto nojo dessa lágrima que me corre, pois não passa de um conforto para a piedade que sinto por mim mesma, que fui e já não sou. Há mais de meses desaprendi a escrever.

Ou me engano, ou tudo que escrevi até agora foi inútil. Apenas introdução pra resmungar como uma velha-quase-sem-vida:
EU PRECISO ESCREVER. E repito, até me cansar. EU PRECISO!

Já tentei de tudo. Desespero, ausência, inventar uma história, ser alguém em alguma outra, matar a própria vida, quem sabe. Já tentei Deus, já tentei meditação, candomblé, nada funcionou.

Alguns textos sem fim, histórias feias que não servem para nada, alguns outros lindos demais que me trazem saudade. Eu não sei mais escrever. Eu perdi o dom.

Existe perder o dom?

Verdade doída, eu nunca o tive. Foram apenas flashes de entusiasmos que me levaram pra longe, pro céu, pra heavy Sampa, mas só.
E agora? Pra acabar, o que eu falo? Não há palavra para usar, não sei, nem sou, já fui e, agora, já vou.

Um comentário:

Isadora Cecatto disse...

Crise de escritora de gaveta, eu chamo. Ou chamava, sei lá. Quando ainda havia o que chamar.

Se existe perder o dom eu não sei, cara, mas que tá longe daqui, ah, isso tá.