sábado, 19 de julho de 2008

Recordações

Penso: como houve coisas ocultas. Tantos gestos. Pequenos. Recordo vagarosamente daquelas ações bonitas, puras. Foram noites e noites dormindo olhando para tua imagem, algumas vezes interrompidas pelas lágrimas indesejadas de saudade. Doía. Doía involuntariamente. Indesejadamente. Ocorre-me de lembrar do dia em que meu avô partiu: um exemplo de algo oculto aos teus olhos.
Eram 7 horas da manhã do dia 27 de maio, quando me deram à notícia. No momento eu fiquei estaticamente bem (isso porque a informação não tinha surtido o efeito devido).
Lavei o rosto - depois de deixar cair uma lágrima - e em seguida me vesti. Enquanto isso relembrava do teu rosto que há mais de quatro dias já não via, limpava meus medos, minhas saudades. Segurei firme naquele coração que me deras na data do meu aniversário e foi como se tudo ficasse mais ameno. Entrei no carro (ainda segurando o teu coração) e fui levar o meu ultimo adeus.
O dia foi cinza, mas todas as vezes que recordava do teu abraço o meu céu ficava tão azul que parecia ser pintado. Com o passar das horas eu já não evitava o desespero, todavia era uma morte normal das coisas.
Depois de algum mês eu tive outra perda, outro adeus (mas eu ainda segurava o teu coração). Era uma morte anormal. Já não lembrava mais dos teus abraços de conforto e nem das tuas palavras raramente doces. Baseada em fatos decidi não lembrar mais de você: plano frustrado.
Hoje eu penso que tudo o que fiz foi correto. Depois de meses se lamentando e procurando erros, eu percebo que não precisaria voltar no tempo (continuaria mesmo assim, segurando teu coração) pra corrigir nenhuma falha. Eu gosto mesmo é das coisas alvas.
Penso que tudo que tivemos foi um conto de fadas que teve um final feliz. Digo isso porque era exatamente o que chamo de amor inventado, inodoro, incolor, eternizado nas minhas palavras, mas esquecido na realidade dessa presente dor.

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