segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Bienvenue Printemps



Hoje à tardinha o céu me parecia uma pintura, provavelmente meu saudoso Salvador Dali, se ainda vivo estivesse, pintaria o sol como uma flor e minha mão a segura-la. O azul era típico de pintura a óleo, me trazia lembranças (sempre as tenho quando presto atenção no azul).

Alguma coisa estava sendo anunciada naquele pôr-do-sol, um resquício de esperança, um registro literário, ou até mesmo a pintura (dom que não tenho). Eu aguardava uma surpresa, uma carta. Não. Eu aguardava uma volta. Não. Um resquício, apenas.

Aquele glamour avermelhado, aqueles azuis - malditos azuis – nos vestidos, nos sapatos e no céu. Era um renascer. Ela voltara. Tu nasceste acompanhado por uma flor. Lindo e sem najas.

Menos por um relicário antigo, eu abro minha alma elegante e sincera (já perdida a alguns anos de convívio turbulento). Você é isso, eu sou aquilo. Ela é o temático enredo para mais uma ameaça de dar-certo: Bienvenue printemps!

Algumas voltas, alguns livros, alguns problemas de dilatações e você me aparece em rosa, em vermelho, amarelo, roxo. Céu azul, alma branca. Renovação.

- Muito prazer, sua prima: Vera! Recebi tua carta e vim assim que pude.

Pré-destino. Agora já sei que és primavera e que te quero sem vergonha. L’amour? Uhum...

sábado, 13 de setembro de 2008

Não há


Você pode perceber que não há dois, se não há um. Alguma coisa está acontecendo aqui dentro, no fundo do meu poço inundado pela chuva que parece não cessar. As feridas não se fecham, jorram, formam um chafariz central sem qualquer resquício de arte.

A frieza das minhas mãos, as secas batidas que o coração revela nesse pulsar encabulado, inseguro de si. Alguma coisa me faz esperar, esperar, esperar...
Incessante.
Não choro, apenas grito, apenas berro, dessa forma calada, dessa forma em silêncio. Escrevo gritando, com vergonha de mim.

Minhas emoções sujas com esses esgotos internos, com essas placas que me impedem de seguir, de partir daqui – dessa morbidez nostálgica. Eu quero, eu quero, eu quero... Tudo.
De novo.

Não consigo mais sair dessa loucura que me abrasa, não posso me entregar aos teus desejos, não posso encarar tua expectativa. Às vezes fere, fere fundo. Não quero que me cures, que me leves, eu não acredito: NEVER.

O passado puxou meu pé, como uma assombração maligna que insiste, insiste, insiste em me impedir, me iludir. Eu posso tentar! Por você, apenas...

Darei aquilo que me sobra, por necessidade humana, e depois de você – O que há?
Não quero, não posso. Mentira!