sexta-feira, 5 de março de 2010

Tarde de maio (ou tarde demais)


Me veio em uma tarde de maio. Enquanto todo aquele vento escrevia linhas tortas na terra seca. Há quem diga que histórias têm inicio, meio e fim. Mas quem dirá que a minha continua incessante? Quem entenderá essa minha insistência? Quem compreenderá que eu não tenho o direito de te amar?
Assim como todas essas interrogações segue minha vida. Milhões de perguntas sem respostas. Você vai e volta o tempo todo e eu continuo sempre no mesmo lugar, no mesmo mês, nas mesmas linhas tortas. Eu espero por você sabendo que você já veio, que você já foi, que já vivemos o que tínhamos pra viver.
Eu gosto desse lugar como se eu almejasse pela minha vez, como se um dia toda história deixaria seu tom cruel. E então eu olho pro céu e só escuto a tua voz e você pensa que talvez goste de mim, que talvez valha a vez, mas não, você sempre corre. Você se restringe por todo esse pouco.
De alguma forma todas aquelas mãos e aqueles olhos e aquelas vontades me fazem retornar com freqüência àquela cena que nunca aconteceu. Já não sei identificar o que foram sonhos do que foi real. E eu tento reordenar os acontecimentos, mas só enxergo você atrás da vidraça cantando uma música qualquer, sem importância alguma, sem olhar atrás.
Mas logo me vem à cabeça todos aqueles centímetros que nos separaram por meses e mais meses, aquelas portas que não podíamos ultrapassar - que não podemos ultrapassar. Mas pra você, isso não faz o menor sentido.
Minha permanência na tua vida é mesmo uma insistência, é uma teimosia. E como eu poderia dizer que a vida ia se resumir nisso, que minha história seria escrita sobre as linhas tortuosas de maio e que a tua vida seria progressiva, que nesse livro não existiria nosso encontro, que essa história seria maior que a minha existência?
“A coisa que uma pessoa mais precisa na vida é gostar das outras pessoas e ser gostada, também. Aí, pra ser gostado, a gente escreve histórias.”

Você gosta desta?